Ontem anoiteceu em pleno dia: um corredor de fumaça foi formado por queimadas na Amazônia, e virou noite em São Paulo, no litoral e nos Vales do Ribeira e Paraíba.
No sudeste chegou somente na segunda, mas Rondônia, Manaus e o sul do Amazonas estão em estado de emergência desde o começo do mês.
Entre julho e setembro as queimadas são intensificadas:
estamos no verão amazônico, quando é mais quente e seco.
Existem, sim, algumas
queimadas autorizadas pelos órgãos responsáveis (federais e estaduais), que são
pequenas e controladas, usadas para conter fogo ou fazer manejo de uma
vegetação – mas nunca nesta época do ano pelo perigo de alastramento.
Existem
também queimadas naturais, causadas por raios em tempos de seca. Mas, segundo
especialistas, o que estamos vendo é por causa da ação humana – ilegal.
Esta é a maior alta dos últimos sete anos e diversas regiões
do Brasil sofreram com o desmatamento da Amazônia. Mato Grosso, Pará, Amazonas,
Tocantins e Rondônia já tiveram milhares de focos de incêndio este ano: no
total são 72.843 focos, 83% a mais do que no ano passado.
Provocar queimadas é crime, por poluir em forma de fumaça,
causar riscos de incêndio para habitações, destruir vegetação e causar a morte
de animais.
Além da fumaça carregada de CO2 (gás do aquecimento global)
e fuligem, e da perda da mata nativa, os animais silvestres e também cativos
estão morrendo queimados, sufocados com a fumaça ou atropelados tentando fugir
do fogo.
Vôos estão sendo desviados pela baixa visibilidade. Nas regiões
afetadas os pronto socorros estão lotados de pessoas que não conseguem
respirar, e os bombeiros já atenderam 900 ocorrências em 60 dias e só têm
unidades operacionais em 15 dos 52 municípios.
Comparação da
média de 2013-2018 para 2019 no estado de Rondônia |
Comparação da média de
2013-2018 para 2019 no estado do Amazonas |
A Amazônia é a maior floresta do mundo, e se estende por 9
países. Possui o maior rio do planeta e os maiores aquíferos.
Florestas
capturam 30% do carbono que nós humanos produzimos.
São lar de cerca de 2,5
milhões de espécies de insetos, dezenas de milhares de plantas e cerca de 2 mil
aves e mamíferos e só no Brasil há uma média entre de 96 mil e 128 mil espécies
de invertebrados e um quilômetro quadrado da floresta amazônica pode conter
cerca de 90 mil toneladas de métricas de plantas vivas.
Nossa atmosfera é uma só: a poluição de um local afeta todos
os outros, e estamos vendo isso com os próprios olhos. Os animais que vivem
aqui não existem em outro lugar.
As águas doces que temos não são eternas. O
progresso econômico não pode estar acima da sobrevivência da terra.
O que podemos fazer?
Nos informar sobre o que está acontecendo e os efeitos
disso. Pensar sempre no longo prazo. Existem maneiras de progredir sem destruir
a vida.
Entender que a cidade não é algo isolado do campo e da
floresta: os frutos ou os perigos das nossas ações são vividos por todos.
Em casa podemos fazer melhores escolhas de consumo, investir
no mundo que queremos ver:
- Dar preferência a produtores locais que respeitem a terra (como orgânicos)
- Procurar reduzir o consumo de produtos de origem animal
- Pesquisar as práticas das empresas e escolher bem os nossos fornecedores (agropecuária é a maior causa de desmatamento, entre abertura de pastos e abertura de terreno para monocultura para ração animal)
- Usar as ferramentas que temos na democracia para sermos ouvidos pelas nossas lideranças
- Abrir o diálogo dentro das nossas redes
Não existe planeta B, não existe crescimento econômico que
possa ser usado para sustentar a vida sem ar, água ou animais.
O futuro do
planeta depende de que repensemos a forma que produzimos
e consumimos, e quais
nossas prioridades.
Anoiteceu, é tempo de acordar.
Fonte: Weasy
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